segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Painel 4 - estresse oxidativo e radicais livres

Lembrando a vocês de tudo o que está escrito foi baseado em dois artigos científicos (os links estão no final do texto) e no livro Princípios de Bioquímica do Lehninger, segunda edição, editora Sarvier, São Paulo, 1995.

O estresse oxidativo ocorre quando, dentro do organismo, é produzida uma quantidade muito grande de radicais livres em relação à quantidade de compostos antioxidantes, fazendo com que o próprio corpo não consiga eliminar esses radicais de maneira eficiente. Esse fenômeno ocorre devido a alguns fatores, e um deles é o exercício físico intenso. Esses radicais livres podem reagir com compostos do corpo, causando prejuízos às membranas celulares e até mesmo à molécula de DNA.


Um dos tipos de radicais livres que são produzidos no corpo humano quando se pratica exercícios físicos intensos são as chamadas espécies reativas de oxigênio. Mas o que são essas espécies reativas de oxigênio? Espécie reativa de oxigênio é todo composto químico (átomo ou molécula) que possui um elétron livre na camada de valência, ou seja, esse elétron não está pareando com outro elétron. Isso faz com que esse composto tenha certa instabilidade, podendo se ligar e reagir com outro composto químico (no caso, membranas celulares, DNA, proteínas do corpo humano), mudando a configuração dessas estruturas e causando prejuízos ao corpo.

Quando uma pessoa pratica exercícios físicos muito intensos, são produzidas as espécies reativas de oxigênio de três maneiras diferentes, assim com foi mencionado no artigo “Zinco, estresse oxidativo e atividade física”. A primeira maneira é dentro da mitocôndria. No corpo são produzidas constantemente espécies reativas de oxigênio pela cadeia de transporte de elétrons, porque nem todo o oxigênio que entra na mitocôndria e passa pela membrana interna se transforma em água. Como no exercício físico intenso o consumo de oxigênio aumenta de maneira considerável, o percentual dessas moléculas que vai se transformar em espécies reativas de oxigênio aumenta também, aumentando assim, a quantidade de radicais livres dentro do corpo.

A segunda maneira seria a de produção de radicais dentro do citoplasma celular. O AMP que fica neste local, quando se pratica exercícios físicos intensos, é transformado em IMP (inosina monofosfato). Quando a concentração deste composto formado aumenta muito dentro no músculo esquelético, o que é causado pelo exercício intenso, este IMP é transformado em hipoxantina, xantina e em outros compostos posteriormente. Mas o que é de interesse para nós é a enzima que catalisa a reação de transformação da hipoxantina em xantina, pois quando a pessoa está em repouso, esta enzima utiliza o NAD+ como aceptor de elétrons. Mas quando a pessoa passa a praticar exercício físico intenso, esta enzima passa para sua forma reativa, que em vez de usar o NAD+ como aceptor de elétrons, ela usa o oxigênio molecular, transformando-o no radical superóxido (olhar primeira equação do quadro mostrado no painel).



Por último, temos a produção de radicais favorecida pelos íons ferro e cobre. Quando se pratica exercícios físicos intensos, o corpo entra em uma acidose metabólica. Mas o que seria esta acidose metabólica? Este fenômeno é causado porque quando a pessoa está praticando o exercício intenso, a glicose sanguínea diminui, fazendo com que o corpo produza glucagon. O glucagon vai induzir a metabolização de lipídeos e de proteínas. Os lipídeos serão transformados em ácidos graxos e depois em corpos cetônicos. Como os corpos cetônicos têm um caráter levemente ácido, eles diminuirão o pH sanguíneo, causando assim a acidose metabólica. A acidose metabólica fará com que o ferro da hemoglobina seja liberado. Esse ferro, junto com o cobre, poderá promover a reação de Fenton, que transformará a molécula de peróxido de hidrogênio no radical hidroxila.

Alguns estudos mostram que uma maior produção de radicais livres no organismo,quando se pratica exercícios físicos, está mais relacionada ao estado de exaustão que a pessoa adquire ao praticar este exercício do ao próprio exercício realizado.

Ou seja, não importa se a pessoa está caminhando ou correndo, o que importa para que haja uma maior produção de radicais livres é se ela está muito cansada ao praticar este ou aquele exercício. Algo importante a ser lembrado é que o estado de exaustão está relacionado ao costume de se praticar exercícios físicos. Quanto mais uma pessoa praticar exercícios físicos, mais adaptado o corpo dela vai ficar e menor será a quantidade de radicais formados durante este exercício. Uma forma interessante de adaptar o corpo ao exercício físico é ir aumentando aos poucos a intensidade deste exercício, e não começar desde o início de maneira muito pesada.

Para se proteger contra os radicais livres, o corpo utiliza substâncias antioxidantes. Estas substâncias são de três tipos: antioxidantes de prevenção, varredores e de reparo. Os primeiros são usados para que não haja uma formação de radicais livres, os segundos são para impedir que os radicais livres já formados não consigam reagir com os compostos do corpo humano e os últimos são para reparar os danos causados pelos radicais livres que já reagiram com as membranas celulares, com o DNA ou com proteínas do corpo.

As substâncias antioxidantes podem ser classificadas de duas maneiras: em enzimáticas e em não enzimáticas. Dentro das enzimáticas, falaremos de três, a enzima superóxido dismutase (SOD), a catalase (CAT) e a glutationa peroxidase (GPx). A enzima superóxido dismutase participa de reação de transformação de duas moléculas do radical superóxido em peróxido de hidrogênio. Já as outras duas transformam o peróxido de hidrogênio em água, em duas reações diferentes. E, dentro das substâncias não enzimáticas nós temos as substâncias que são produzidas pelo próprio organismo e as que são ingeridas pela dieta.

Uma substância que é ingerida através da dieta, mas que não se tem exata comprovação científica de que ajuda na prevenção antioxidante é o zinco. Sabe-se que ele participa da estrutura da enzima superóxido dismutase que, como já foi falado anteriormente, ajuda na retirada do radical superóxido do organismo, transformando-o em peróxido de hidrogênio. O zinco também participa da estabilização de membranas celulares e de algumas proteínas do corpo. A figura ao lado mostra alguns alimentos fonte de zinco, como algumas castanhas, amendoim, carnes e feijão de corda.

Para se proteger contra os radicais livres, o corpo desenvolve adaptações antioxidantes. No painel, o primeiro gráfico mostra que a ação da enzima glutationa peroxidase é aumentada em indivíduos treinados. Já esta mesma enzima atua de forma bem mais lenta em indivíduos não treinados. O segundo gráfico mostra que, após o exercício físico, tanto pessoas treinadas quanto pessoas destreinadas têm sua capacidade antioxidante total aumentada, mostrando assim, uma adaptação antioxidante do corpo para combater os radicais livres formados.

Gráfico 1

Gráfico 2

As duas últimas figuras são para lembrar que exercício físico não é só corrida ou caminhada, que assim como o ballet, outras danças são consideradas também como atividade física. Isto é importante de ser lembrado porque pessoas que não gostam de ir à academia, de correr ou de caminhar no parque, têm outras opções de manter o corpo em forma e a saúde em dia.



Para terminar, não devemos nos preocupar tanto com esta imensa formação de radicais livres produzidos no nosso organismo durante a atividade física intensa, pois o nosso corpo utiliza estes radicais para se proteger de microorganismos invasores, como bactérias.

Postado por: Paula

Um comentário:

Alunas - Bioquímica do Exercício 2/08 disse...

pessoal, desculpe, esquecemos as fontes:
Zinco, estresse oxidativo e atividade física
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1415-52732003000400007&script=sci_arttext&tlng=pt

Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de formação e adaptação ao treinamento físico
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86922004000400008&lng=pt&nrm=iso